Vamos conhecer os cinco tratamentos mais bizarros que hoje não são utilizados mais:
Infecção por malária
Por volta de 1930 havia uma doença que era a maior causa de loucura no mundo: a sífilis. Além disso, era incurável. Os manicômios estavam lotados de pessoas paranóicas e violentas.
Foi nessa época que o médico austríaco Julius Wagner von Jauregg observou que se essas pessoas fossem acometidas por febre alta e convulsão quando ficavam doentes, a loucura simplesmente ia embora. Foi então que o doutor Julius colocou o sangue contaminado de um soldado com malária em nove pacientes para que elas contraíssem febre alta e tivessem convulsões. Destes pacientes, quatro desses se curaram e dois apresentaram considerável melhora. Conclusão: Jauregg ganhou um Premio Nobel em 1927. “Parece absurdo dar o Prêmio Nobel a alguém que infectava os pacientes com a malária, mas o desespero na época era muito grande”, diz Renato Sabbatini, neurocientista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O problema é que de brinde o paciente ganhava uma doença grave: a malária.
Este método só deixou de ser utilizado nos anos 60 com a descoberta de antibióticos e medicamentos próprios para o tratamento de doenças mentais.
Terapia por choque insulínico
Em 1927, por um erro médico do neurologista e psiquiatra polonês Manfred Sakel (ele exagerou na dose de insulina em uma paciente diabética e ela entrou em coma) foi descoberto que esta medicação ministrada em doses altas provocava uma notável melhora das faculdades mentais, já que a paciente era psicótica e melhorou muito depois deste incidente.
Desta maneira, o médico descobriu um tratamento eficaz em pacientes com vários tipos de psicoses, particularmente a esquizofrenia. “Esta foi uma das mais importantes contribuições jamais feitas pela psiquiatria”, diz Sabbatini.
Logo a técnica passou a ser usada em todo o mundo. Só que estudos posteriores demonstraram que a melhora era, na maioria das vezes, temporária e também o tratamento muito perigoso. Devido a estes motivos, o tratamento caiu em desuso.
Trepanação
É uma cirurgia antiga (feita em várias partes do planeta há cerca de 40 mil anos atrás) onde era aberto um buraco no crânio das pessoas. Era realizada em rituais religiosos para liberar a pessoa de demônios, mas na verdade ela era vítima de doenças mentais. O costume persiste em algumas tribos da África e da Oceania e também em alguns centros modernos de neurologia para aliviar a pressão intracraniana em caso de fortes pancadas na cabeça, por exemplo. “Se esse procedimento for feito por algum outro motivo, isso é bizarro e perigoso”, afirma Sabbatini.
Lobotomia
A lobotomia deve a sua origem à Trepanação. Trata-se de uma incisão pequena para separar o feixe de fibras do lobo pré-frontal do resto do cérebro. O resultado era o desligamento na parte das emoções, tornando pessoas agitadas e violentas mais calmas.
Essa técnica foi criada em 1935 pelo neurologista português Antônio Egas Moniz, e também lhe rendeu um Nobel, em 1949. Como os resultados foram tão bons, a lobotomia começou a ser utilizada largamente em vários lugares na tentativa de conter a psicose e comportamento violento, mas somente deveria ser usada em casos extremos que não tivessem respondido a outros tratamentos. No entanto, a lobotomia passou a ser utilizada com muita freqüência nos manicômios para controlar comportamentos indesejáveis – inclusive em crianças agitadas e adolescentes rebeldes. Num período de 11 anos, mais de 50 000 pessoas foram sujeitas a lobotomia no mundo inteiro.
O grande problema é que os efeitos colaterais eram terríveis: a pessoa virava um vegetal, sem emoções, completamente apática. Graças ao aparecimento de medicamentos mais modernos e eficazes, nos anos 50 a lobotomia foi deixando de ser usada.
Mesmerismo
Criado pelo médico austríaco Franz Anton Mesmer, o mesmerismo pregava que passando imãs sobre o corpo dos pacientes era possível aliviar sintomas clínicos e psicológicos da doença mental. “Mesmer acreditava que os fluidos do corpo eram magnetizados e que muitas doenças físicas e mentais eram causadas pelo desalinhamento desses fluidos. Ele também achava que era possível obter os mesmos resultados sem os imãs, passando apenas as mãos sobre o corpo do paciente”, explica o professor de psicologia Renato Sampaio Lima, da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Só que não tinha fundamentação científica nenhuma e logo o doutor Mesmer foi expulso de vários países e cidades por prática enganosa da medicina. “Em todos os lugares em que ele foi, a comunidade médica o repudiou. Ele pegava madames com doenças psicossomáticas leves, fáceis de tratar com placebo, e baseava o seu prestigio nesse efeito”, completa Sabbatini.
O mesmerismo, depois de sofrer muitas críticas, caiu em desuso no começo do século XX.
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Fotos/Ilustrações: Google Imagery
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